terça-feira, 2 de novembro de 2010

Bem que eu desejaria ver mel nos femininos lábios entronizados

Mas os sinais são outros:primeira exclusiva de azul na GLOBO, como o primeiro chá com dona Lili Marinho

“Não somos responsáveis apenas pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer”.
Molière, dramaturgo francês (1622-1673)


 A púrpura escarlate ficou na boca da urna
 



Agora é o azul brilhante do poder glamorizado
 











Numa boa. Bem que eu desejaria um governo politicamente honesto pelas mãos da primeira mulher mandante. Há milhões de pessoas na fila de uma esperança acalentada nas procelas do sonho ainda sonhado. Há combatentes doutras jornadas jogando todas as suas quimeras nesse porvir.
Quando digo politicamente honesto, falo da conjugação entre discurso e ação, da coerência entre a retórica dos palanques e o exercício real do poder.
Sei que isso é querer muito. A política é a arte do embuste, em qualquer parte do mundo. É a extrapolação ensaiada da ambiguidade matreira.  É o exercício cínico dos truques inebriantes.  
Como diriam no Vaticano, “habemus papam”. A fumacinha saiu das urnas. E como não estamos sob impulsos de gladiadores, um governo bom é bom para todos.
Mas ainda não pude detectar essa luz na penumbra de um pecaminoso jogo de interesses insaciáveis.  Por mais que a simpatia pelos sonhos juvenis imantados me remeta à via láctea da utopia, permanece intacta a réstia da dúvida atroz.
Não e não. Desde sexta-feira, dia 29, concentrei todos os meus sentidos nos femininos lábios que à plebéia turba seduziu.
O debate da GLOBO foi um fiasco de cartas marcadas. Não houve debate. Os candidatos foram deixados sem bengalas no meio da pequena arena, andando de um lado para o outro em busca dos decorebas. E nada disseram a não ser os conhecidos e surrados clichês de um ofertório pagão. Promessas cosméticas para todos, mas sem garantias perceptíveis.
Quando o gauchinho falou da migração dos campos para a cidade, nada sobre o cerne da questão – a terra é um imenso latifúndio excludente, cada vez mais das maquinarias.
O Brasil continuará refém da meia dúzia de dois ou três potentados, com financiamentos maternais e prazos alongados para o retorno das pepitas aos  seios da grande mãe.
Será por muito tempo ainda o país da ficção agrária, coma produção voltada para a exportação e as terras para o feijão com arroz disputadas aos solavancos em perdidos cordões por hordas famélicas, deixadas no sereno, na dependência deprimente de R$ 112,00 por cabeça – dinheiro pouco, que “com Deus é muito” e ainda serve para alimentar o vício de um parasitismo ínvio.
E se o campo não se abre ao cultivo dos campônios, as urbes incham sob a pressão de quem quer pelo menos pão e água para matar a fome, abrindo fendas grotescas para a violência dos ignorados, de olho nos troféus dos celulares e nos encantos da modernidade a todos exposta.
No discurso como vitoriosa, a mesma perigosa mescla de receitas compensatórias para dizer aos descuidados que vai continuar o “combate à pobreza”, enquanto fazia juras à bandeira do modelo econômico que faz de meia dúzia de bancos mergulhados em lucros colossais os senhores das armas num sistema piramidal intocável. Tanto que levou ao orgasmo a patota dos bilhões amealhados.
Finalmente, na primeira entrevista exclusiva, um convescote com frutas frescas, ao gosto  do casal Bonner/Fátima, distinguido, como a Rede Globo, com a primazia do primeiro espasmo.  Tal, como aliás, foi o primeiro passo da campanha: o chá com torradas na casa de dona Lili Marinho, viúva do senhor do maior império midiático.
Na emblemática escolha da primeira cena, tudo parece o velho filme desde os idos de chumbo, em que a rendição de guarda também se fazia sob os mesmos holofotes.
Uma dama de azul brilhante entra em nossos lares com as novas cores de um poder afrodisíaco, que está nas fantasias de todos os seres humanos, nos salões e nas alcovas, na cultura lotérica que nos embala.
Não mais o escarlate da pacífica guerra travada entre beijos e tapinhas nas costas. E nada para nos compensar. Antes, a justificativa de que sonhos pretéritos já não cabem mais, porque uns caíram do cavalo e outros caíram da cama.
Agora é reunir os vitoriosos e repartir o tesouro, aquinhoando cada um de forma a conseguir uma maioria amestrada e incondicional nos outros pilares dos podres poderes.
Como seria bom se meus presságios desafortunados não passassem de uma paranóia crônica dos eternos derrotados. Como seria bom se tivéssemos a sensação  de que o grande palácio finalmente está pensando não só nos príncipes sindicais, acomodáveis por algumas pepitas e pelo vinho da hipocrisia, mas nessa imensa massa marginalizada – os 43 milhões de brasileiros que ganham  o pão de cada dia nas barricadas da informalidade, sem a previdência da velhice, ou os velhos surrupiados em suas poupanças pelos fatores previdenciários subtraentes, ou os jovens engodados por diplomas sem lastro, ou, como disse antes, se alguém com alma franciscana descobrisse o cerne da missão primeira de quem pega na enxada para tirar da terra alheia, na gleba que lhe sobra, o feijão e a farinha que lhe mata a fome, mas não lhe oferece a vida.
Eu bem que queria viver apenas para as flores do meu jardim, para a minha pequena  horta de quiabos e maxixes.
Mas, pelo visto, pelas cores dos figurinos e dos cenários, não terei direito ao silêncio da idade provecta, às distrações dos cabelos brancos, ao gáudio da velhice lúdica. Terei sim, e assim seja, de manter-me entrincheirado no front dos indomáveis.

domingo, 31 de outubro de 2010

Nosso lugar, como não poderia deixar de ser, é na oposição progressista

Votei nulo  como havia anunciado. E fiz questão de registrar a hora do voto. O tempo dirá quem está na trincheira correta
Votei às 15h33m na seção 0176 da 13ª Zona Eleitoral
Apurados 99,27% dos votos, os  nulos chegaram a 4.658.330 (4,40%). Em branco, 2.444.375(2,31%). A abstenção foi de  28.899.290 (21,44%), a maior das últimas eleições presidenciais.
Dilma teve 55.752.092  votos num universo de 135.804.433. Isto quer dizer, na prática, que ela motivou 41% dos eleitores aptos a votarem.
Além disso, a diferença entre ela e Serra foi 10 milhões de votos menos do que a de Lula e Alkimim, no segundo turno de 2006.Isso tem que ser considerado para que a nova presidente pense num governo com a amplidão necessária. 

Eleitores fotografam as urnas e mostram voto nulo no segundo turno pelo Twitter

http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/10/31/eleitores-fotografam-as-urnas-mostram-voto-nulo-no-segundo-turno-pelo-twitter-922914301.asp
A exemplo do primeiro turno, eleitores voltaram a fotografar o voto nas cabines de votação e publicar as imagens em redes sociais neste dia 31 de outubro. Mais frequentes que no dia 3 passado, imagens com votos nulos se propagaram na rede e se misturaram às fotos dos votos dados para José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT). Mensagens com o número dos candidatos, assim como as fotos de votos nulos e brancos podem ser observadas no site PicFog, que reúne por palavra-chave as últimas atualizações dos internautas no Twitter. Outras fotos com pessoas carregando bandeiras e a movimentação tranquila nas zonas eleitorais mostram o clima desse segundo turno.

"Já votei! Era proibido, mas tirei foto da urna e do meu voto", disse @rafangeli no Twitter. Com o feriado prolongado, alguns eleitores viajaram ou foram aproveitar o dia de sol. Pelo Twitter, alguns internautas mostram que optaram por deixar o voto para mais tarde. "Ainda nem votei! Putz!", lembrou @renatscosta.
"Eu e @karencerejo e o povo lá de casa estamos indo justificar o voto! E o sol ardendo!", avisou @felipevinicius, animado com o feriado.
Também pelo microblog, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT), constatou, no Paraná, que as filas para justificar o voto estavam maiores do que as de votação: "Notícias do litoral do Paraná dão conta de que há mais gente na fila dos Correios, para justificar, do que nas urnas para votar."
A proibição de máquinas fotográficas e celulares na seção de votação foi feita pela Justiça Eleitoral e é válida também para o segundo turno em todo país, entretanto cabe ao Tribunal Regional Eleitoral a fiscalização da norma.
O petróleo tem de voltar a ser nosso
Espero que estejamos juntos na luta contra a desnacionalização das nossas reservas petroliferas. Veja a matéria a seguir:
Legião estrangeira no pré-sal
Importados devem responder por 60% dos investimentos de US$ 400 bi do setor
Bruno Villas Bôas( O GLOBO, 31.10.2010)
Um estudo encomendado pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip)
concluiu que as empresas estrangeiras devem ficar com US$ 240 bilhões das
encomendas de US$ 400 bilhões que o setor de petróleo vai realizar no pré-sal
nos próximos dez anos, o que representa 60% dos investimentos previstos no
período. Bens e serviços para plataformas e sondas serão fornecidos basicamente
por empresas de países como EUA, Noruega e China. O estudo da consultoria Booz &
Company, que teve acesso ao cadastro de fornecedores da Petrobras e durante oito
meses fez uma radiografia do mercado, coloca em xeque estatísticas do governo
federal sobre o setor, que apontam para uma participação de 61,4% da indústria
brasileira em projetos de exploração e produção de petróleo. Mesmo a estatística
oficial, no entanto, tem encolhido: essa é a menor participação dos últimos seis
anos.
O resultado do estudo da Booz foi apresentado ao mercado em agosto, mas o
cálculo sobre a presença estrangeira no pré-sal foi excluído do relatório final.
O anúncio do estudo foi feito a menos de dois meses do primeiro turno das
eleições presidenciais.
— A alegação (para não divulgar) foi que as projeções tinham muitas variáveis e
não poderiam ser consideradas — afirmou uma fonte.
Segundo José Velloso, vice-presidente da Associação Brasileira de Máquinas e
Equipamentos (Abimaq), os números são preocupantes porque revelam uma nova
estatística, completamente diferente da informada oficialmente pelo governo
federal: — O risco do pré-sal é ser abastecido por estrangeiros — afirma
Velloso.
Para o consultor Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura
(Cbie), os números oficiais mascaram a necessidade de adoção de incentivos para
o setor.
— Não poderia ser verdade que o conteúdo nacional avançou para 60% ou 70% da
noite para o dia. O governo está politizando o processo e criando factoides. É
preciso tirar o pré-sal do palanque — afirma o consultor.
Equipamento nacional custa até 200% mais
Especialistas que tiveram acesso ao modelo de cálculo do conteúdo nacional do
governo explicam que há distorções nas contas. Equipamentos estrangeiros sem
similar nacional, por exemplo, são excluídos das estatísticas, aumentando a
participação da indústria nacional. E serviços que só podem ser realizados por
empresas instaladas no país, como movimentação de plataformas, entram na conta
oficial.
— O governo considera como produto local um equipamento que tenha 60% de peças
nacionais.
É um critério do BNDES, para crédito, e que aplicam no cálculo — diz Alberto
Machado, ex-gerente de materiais da Petrobras.
Pelos cálculos da consultoria, empresas brasileiras podem, no melhor cenário,
fornecer metade dos equipamentos e serviços que o présal vai demandar até 2020,
o que aumentaria para US$ 200 bilhões a parcela da indústria local. Mas para que
isso de fato aconteça, o setor precisaria eliminar gargalos e ser mais
competitivo em equipamentos como compressores de ar, válvulas de controle,
motores a diesel e gás e sistemas de automação.
Segundo José Velloso, da Abimaq, os programas do governo têm sido bem-sucedidos
na formação de mão de obra, mas fracassaram na atração de fornecedores
estrangeiros para a instalação de fábricas no país: — A legislação incentiva a
importação.
Estrangeiros não pagam impostos quando vendem para a Petrobras, mas os nacionais
pagam tributos federais sobre seus insumos, embora não paguem na venda à
companhia.
Ele acrescenta que uma série de fatores minam a competitividade dos
fornecedores, como a carga tributária, maior custo da mão de obra, juros
elevados e pouco incentivo para investir em tecnologias. O resultado é que os
equipamentos nacionais custam de 10% a 40% a mais que um similar importado. No
caso de válvulas, por exemplo, o produto nacional chega a ser o triplo de um
equivalente importado da China.
Em nota, a Petrobras afirma que a queda de participação da indústria local em
seus projetos de exploração e produção de petróleo, que recuou 68,75% em 2007
para 61,4% neste primeiro semestre, decorre da mudança de perfil de contratação
de sondas, navios usadas para localizar petróleo e perfurar poços. E reconheceu
que esse percentual deve permanecer “em patamares modestos até a entrada em
operação de 28 sondas que serão construídas no Brasil”.
Na plataforma, só 10% 'made in Brazil'
Produtos de maior valor agregado são importados de EUA, China e Coreia
Os equipamentos comprados de fornecedores brasileiros pela Petrobras para
equipar suas plataformas de petróleo ainda estão limitados a itens de baixo
valor agregado. Segundo dados da Associação Brasileira de Máquinas e
Equipamentos (Abimaq), o setor brasileiro fornece apenas 10% dos bens de capital
(máquinas e equipamentos) utilizados em uma plataforma.
— Módulo de energia, bombas, válvulas, compressores, tubos e outros produtos de
maior valor agregados são importados. Vêm de países como EUA, Coreia do Sul,
China, Alemanha — diz José Velloso, vice-presidente da Abimaq.
O estudo da consultoria Booz & Company endossa as estatísticas da associação. Em
uma recente plataforma da Petrobras — não identificada pela pesquisa —, apenas
111 fornecedores de equipamentos e sistemas eram brasileiros, de um total de 397
cadastrados pela Petrobras para o projeto.
Arthur Ramos, responsável pelo estudo, explica que, dos principais grupos de
equipamentos, 37% têm predomínio de fornecedores estrangeiros. Outros 38% não
possuem similar nacional, como turbogeradores, compressores centrífugos e
motores a gás: — Esses grupos são exatamente os equipamentos mais caros de uma
plataforma. Isso mostra o grande potencial de crescimento do setor, que pode
crescer muito e gerar centenas milhares de empregos se superar seus gargalos.
Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica (Abinee), afirma que a desvalorização do dólar está empurrando o
setor para um processo de desindustrialização: — O câmbio criou um grande
estímulo para a substituição de componentes nacionais por importados. E isso se
agrava a cada dia, de forma que assistimos a uma desindustrialização do setor.
Em vez de importar componentes, já se importam produtos acabados.
Bruno Musso, superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo
(Onip), defende a criação de uma política industrial para o setor, embora
reconheça que os fornecedores também precisam fazer o dever de casa e investir
em tecnologia.
— Em termos gerais, precisamos aumentar investimentos em tecnologia, em
produtividade.
Mas precisamos de política industrial do setor.
Ele se credencia para isso — afirma.
Para o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a
solução do problema não pode passar pelo aumento da reserva do mercado nacional
nos projetos de exploração e produção.
 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

E os votos dos atuais e futuros aposentados e pensionistas não contam?

Engraçado!
Falam da onda verde, por conta dos votos dados a Marina Silva no primeiro turno. Votos que, convenhamos, são voláteis, por brotados no canteiro da rejeição aos candidatos da proa.
Tanto que, por sábia percepção, a receptora desses sufrágios optou pela neutralidade no segundo turno e até o seu próprio voto guarda a sete chaves.
Falam dos votos evangélicos e dos segmentos católicos medievais, em função dos quais Dilma desafinou, amarelou e retrocedeu à era das trevas, tudo para não pôr a perder o projeto continuísta do seu patrono, todo poderoso, mas nem tanto, como se viu e como se vê - diga-o a sua anuência ao passo atrás.
Há quem diga, da cátedra pitonisa, que a sorte dos pretendentes está nas mãos dos evangélicos. Ai de quem não se agachar diante de sua conversão  de fato do Estado laico em estado teocrático, sujeito ao crivo e aos caprichos da raia de picaretas do púlpito.
Além da simbólica rendição nos direitos das mulheres da ressurreição da homofobia institucional, certamente mais uma penca de rádios e canais de tevês devem estar sendo negociados em troca das indulgências clamadas.
Há quem fale em outros currais, outros antros blindados onde o cajado define o que seria a manifestação cidadã pela qual lutamos, morremos e fomos torturados na vã utopia de uma nação livre.
Mas ninguém dá um pio sobre o voto dos atuais e futuros aposentados e pensionistas.
Minto. O Serra está oferecendo para o próximo ano uma reposição de 10% ao pessoal do INSS – servidores públicos não entram nessa promessa.
Mas nada diz e cala sorrateiramente sobre o fator previdenciário criado por seu patrono, o mesmo que chamou de vagabundos a todos os que ousavam sonhar com o retorno dos  35 anos de descontos vorazes em seus salários.
E nada diz da proposta do senador Paulo Paim de equiparar em definitivo os reajustes de todos os aposentados.  De onde se infere, sem maiores delongas, que esse ofertório de 10% não passa de uma dessas dádivas de que os cegos desconfiam.
Admito que não vi o debate da Band e só peguei um bloco do da Rede TV.  Mas não me consta que tenha ido à baila o projeto da “terceira reforma da Previdência”, já em fase de decupagem nos laboratórios do MPAS, conforme deixou vazar o ministro Carlos Eduardo Gabas. Nesse novo monstrengo, já se cogitou até de reduzir ao mínimo às pensões, sob o pretexto de que tem muito coroa casando com menina nova.
Né brincadeira, não. Para justificar a ofensiva contra as pensionistas, o próprio perguntou, não faz muito tempo:
“É justo que alguém com 23 anos, bem posicionado no mercado de trabalho, ganhe uma pensão por toda a vida ao se casar com uma pessoa bem mais velha que pode até morrer no dia seguinte?”
Trocando em miúdos, a idéia do governo, em que a oposição não toca, é acabar com a possibilidade de um segurado ganhar a pensão do cônjuge se estiver trabalhando ou se tiver direito à aposentadoria.
Mas não é só isso. Os servidores públicos sofrerão uma nova e mais dolorosa amputação: a idéia fixa do governo é enquadrá-los no regime geral, pelo qual sofrerão  o garrote em seus benefícios futuros, com a fixação do limite, hoje de R$ 3.416,54.
O referido ministro, cujo nome provavelmente você ainda não havia ouvido falar, mostrou que a tendência do governo – que a oposição não questiona – é descarregar sobre os futuros aposentados e pensionistas sua vacilação diante dos caloteiros e sua incapacidade de ampliar o número de contribuintes, com a absorção dos trabalhadores informais, medida que dobraria o número de segurados.
No caso do calote, que chega a R$ 400 bilhões, isto é, dez vezes mais do que o chamado déficit anual da Previdência, o governo confessa sua disposição de não mexer em casa de maribondo.
O ministro Gabas se gaba de sua impotência: “Esse volume se refere ao estoque. Nele, estão empresas que não existem mais ou que não têm como pagar a dívida”.
Curioso, levantamento feito por partidários da Dilma aponta alguns devedores:
- Infoglobo (das Organizações Globo) com dívidas de R$ 17.664.500,51
- Editora Globo S.A.: R$ 2.078.955,87
- Editora Abril: R$ 1.169.560,41
- Rádio e Televisão Bandeirantes: R$ 2.646.664,15
– Folha da Manhã S.A. (Folha de São Paulo): R$ 3.740.776,10
– O Estado de São Paulo (Estadão): R$ 2.078.955,87
Trata-se, provavelmente, da aplicação das velhas práticas, muito comuns no Maranhão do tio Sarney: esses devedores não são os únicos dessa penca de RR$ 400 bilhões. Mas são da mídia adversária. E os demais? E o agronegócio amigo, que rola todas as suas dívidas com o governo?
Os aposentados e pensionistas de hoje e de amanhã sabem que vai sobrar para eles. Se não sabem, deviam saber. São muitos, mais de 20 milhões de votos. No entanto, não são nem lembrados com seriedade pelos presidenciáveis, não formaram uma bancada no Congresso, não se mexem, não fazem passeatas, como na França, não esperneiam, não têm liderança e acabam sendo presas fáceis dos falsos profetas que lhes oferecem como compensação o reino de Deus.

domingo, 17 de outubro de 2010

Chico Oliveira, 76 anos, uma entrevista para reflexão

Sociólogo e fundador do PT afirma que "Lula é mais privatista que FHC"

UIRÁ MACHADO
FOLHA DE SÃO PAULO

No começo de 2003, ano em que rompeu com o PT, o sociólogo Francisco de Oliveira, 76, afirmou que "Lula nunca foi de esquerda".
Agora, o professor emérito da USP dá um passo adiante e diz que Lula, mais que Fernando Henrique Cardoso, é "privatista numa escala que o Brasil nunca conheceu".
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Na entrevista abaixo, Oliveira, um dos fundadores do PT, também afirma que tanto faz votar em Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB), analisa o papel de Marina Silva (PV) e critica a entrada do aborto no debate político pela ótica da religião.
Folha - Qual a sua avaliação sobre o debate eleitoral no primeiro turno?
Francisco de Oliveira - Fora o horror que os tucanos têm pelos pobres, Serra e Dilma não têm posições radicalmente distintas: ambos são desenvolvimentistas, querem a industrialização...
O campo de conflito entre eles é realmente pequeno. Mas, por outro lado, isso significa que há problemas cruciais que nenhum dos dois está querendo abordar.
Que tipo de problema?
Não se trata mais de provar que a economia brasileira é viável. Isso já foi superado. O problema principal é a distribuição de renda, para valer, não por meio de paliativos como o Bolsa Família. Isso não foi abordado por nenhum dos dois.
A política está no Brasil num lugar onde ela não comove ninguém. Há um consenso muito raso e aparentemente sem discordâncias.
Dá a impressão que tanto faz votar em uma ou no outro...
É verdade. É escolher entre o ruim e o pior.
Qual a sua opinião sobre a movimentação de igrejas pregando um voto anti-Dilma por causa de suas posições sobre o aborto?
É um péssimo sinal, uma regressão. A sociedade brasileira necessita urgentemente de reformas, e a política está indo no sentido oposto, armando um falso consenso.
O aborto é uma questão séria de saúde pública. Não adianta recuar para atender evangélicos e setores da Igreja Católica. Isso não salva as mulheres das questões que o aborto coloca.
O que significa a entrada desse tema no debate?
Representa o consenso por baixo devido ao êxito econômico. Essas posições conservadoras ganham força. Há uma tendência a todo mundo ser bonzinho. Nesse contexto, ninguém quer tomar posições consideradas radicais.
Com o progresso econômico, há um sentimento de conformismo que se alastra e se sedimenta, as pessoas ficam medrosas, conservadoras. Isso está ocorrendo no Brasil.
Gente da classe C e D mostra-se a favor de uma marcha de progresso lenta e contínua. Eles não querem briga, não querem conflito. Por isso o Lula paz e amor deu certo.
Se as pessoas tornam-se conservadoras, o que explica a divisão do Brasil quando considerada a votação de Dilma e Serra nos Estados?
É um racha. Significa que a questão da desigualdade regional ainda é muito marcante. Aliás, essa é outra questão que está fora da discussão. Os dois não querem abordar o tema. O que eles têm a dizer sobre os problemas regionais? O que fazer com as regiões deprimidas?
Por baixo disso tudo está a velha história de que São Paulo é uma locomotiva que puxa 25 vagões vazios.
Essa tensão existe. Esse desequilíbrio vai criando a sensação de que há um lado pobre e um lado rico. Como se houvesse um voto comprado, de curral eleitoral, e outro consciente. Há de fato uma fratura, e isso ressurge em períodos eleitorais.
Marina aparece como uma terceira força sustentável?
Acho que não. A ascensão dela se dá pela falta de radicalização dos dois principais, e a questão do ambiente é relativamente neutra. Não vejo eco na sociedade, a não ser de forma superficial. Não é um tema que toca nos nervos das pessoas. A onda verde é passageira.
O sr. foi um dos primeiros a romper com o PT, em 2003, e saiu fazendo duras críticas ao presidente. Lula, porém, termina o mandato extremamente popular. Na sua opinião, que lugar o governo Lula vai ocupar na história?
A meu ver, no futuro, a gente lerá assim:
Getúlio Vargas é o criador do moderno Estado brasileiro, sob todos os aspectos. Ele arma o Estado de todas as instituições capazes de criar um sistema econômico. E começa um processo de industrialização vigoroso. Lula, é bom que se diga, não é comparável a Getúlio.
Juscelino Kubitschek é o que chuta a industrialização para a frente, mas ele não era um estadista no sentido de criar instituições.
A ditadura militar é fortemente industrialista, prossegue num caminho já aberto e usa o poder do Estado com uma desfaçatez que ninguém tinha usado.
Depois vem um período de forte indefinição e inflação fora de controle.
O ciclo neoliberal é Fernando Henrique Cardoso e Lula. Coloco ambos juntos. Só que Lula está levando o Brasil para um capitalismo que não tem volta. Todo mundo acha que ele é estatizante, mas é o contrário.
Como assim?
Lula é mais privatista que FHC. As grandes tendências vão se armando e ele usa o poder do Estado para confirmá-las, não para negá-las. Então, nessa história futura, Lula será o grande confirmador do sistema.
Ele não é nada opositor ou estatizante. Isso é uma ilusão de ótica. Ao contrário, ele é privatista numa escala que o Brasil nunca conheceu.
Essa onda de fusões, concentrações e aquisições que o BNDES está patrocinando tem claro sentido privatista. Para o país, para a sociedade, para o cidadão, que bem faz que o Brasil tenha a maior empresa de carnes do mundo, por exemplo?
Em termos de estratégia de desenvolvimento, divisão de renda e melhoria de bem-estar da população, isso não quer dizer nada.
Em 2004, o sr. atribuiu a Lula a derrota de Marta na prefeitura. Qual sua avaliação de Lula como cabo eleitoral de Dilma?
Ele acaba sendo um elemento negativo, mesmo com sua alta popularidade. O segundo turno foi um aviso. Há uma espécie de cansaço. Essa ostensividade, essa chalaça, isso irrita profundamente a classe média. É a coisa de desmoralizar o adversário, de rebaixar o debate. Lula sempre fez isso.
Como o sr. avalia as afirmações de que o comportamento de Lula ameaça a democracia?
Não vejo como uma ameaça. Mas o Lula tem um componente intrinsecamente autoritário.
Em que sentido?
Ele não ouve ninguém, salvo um círculo muito restrito, e ele tem pouco apreço por instituições.
Eu o conheço desde os anos de São Bernardo. Ele tem a tendência, que casa perfeitamente com o estilo de política brasileira, de combinar primeiro num grupo restrito e, depois, fazer a assembleia. Ele sempre agiu assim.
Não é pessoal, é da cultura brasileira, ele foi cevado nisso. Mas não que ele queira derrubar a democracia.
Isso é da cultura política em que ele foi criado: o sindicalismo, que é um mundo muito autoritário, muito parecido com a cultura política mais ampla. E ele se dá bem, sabe se mover nesse mundo.
As instituições de fato não são o barato dele. Mas ele não ameaça a democracia do ponto de vista mais direto nem tem disposição de ser ditador. Acho essas afirmações um exagero, uma maldade, até. Elas têm um conteúdo político muito evidente.
Agora, certa ala do PT, com José Dirceu... Esse tem projetos mais autoritários.
E essa ala ganharia mais força num governo Dilma?
Acho que não. Porque Lula vigia ele de muito perto. Lula não gosta dele [José Dirceu]. Tem medo, até, do ponto de vista político. Ele veio de outra extração, a qual Lula detesta. Uma extração propriamente política, de esquerda.
O sr. já disse que Lula havia matado a sociedade civil. O que pode acontecer num governo Dilma e Serra? Haveria diferença?
Os governos tucanos têm horror ao povo. Isso não é força de expressão. É uma questão de classe social.
Eles não têm contato com o real cotidiano popular. Eles não andam de ônibus, não têm experiência do cotidiano da cidade. Nem de metrô eles andam, o que é incrível.
A cidade é grande, tem violência, a gente sabe. Mas eles não sabem como é o transporte, como são os hospitais, as escolas públicas. Há uma fratura real, eles perderam a experiência do cotidiano real. E isso não entra pelas estatísticas, só pela experiência.
Por causa disso, o governo deles é sempre uma coisa muito por cima. Eles são pouco à vontade com o popular. Essa é a diferença marcante em relação a Lula.
Sobre Dilma eu não sei. Ela pode também sofrer desse mal.
Mas, do ponto de vista da evolução e da função dos movimentos sociais, qual dos dois é preferível?
Eis uma questão difícil. Os tucanos, com esse horror a pobre, tendem sempre a aumentar essa fratura, essa separação. Os tucanos não têm jeito...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sai Brizola Neto, entra Sérgio Zveiter - o caudilho não merecia

Brizola Neto e o avô: cartas fora do baralho no PDT

Por essas e outras é que se vê no horizonte o crepúsculo de um legado histórico.

“No Rio, já há uma preocupação em relação à situação de Brizola Neto, que está disputando a reeleição com algumas máquinas, como a do prefeito de Niterói,  Jorge Roberto Silveira, que está apostando todas as suas fichas em Sérgio Zveiter, o ex-presidente da OAB que pediu a intervenção no Estado do Rio quando Brizola era governador”.
Do meu blog FOFOCAS DE BASTIDORES, postado em 24 de setembro de 2010.
A nova cara do PDT: Lupi, Jorginho e Zveiter



Até o momento, ainda não sei se o PDT conseguiu ultrapassar a cláusula de barreira, o número mínimo de votos da bancada federal para continuar recebendo uma certa quantia do fundo partidário e, em tese, para continuar existindo.
Mas antes de voltar a comentar o 3 de outubro com o cérebro ultra-ligado, rendo-me ao grito do coração. É deprimente ver o que aconteceu com o partido criado por Leonel Brizola como uma resposta rebelde ao golpe do general Golbery, que levou o TSE a lhe tirar a legenda histórica do PTB.
É difícil aceitar calado a troca insólita e insultante do jovem deputado Brizola Neto por Sérgio Zveiter, aquele mesmo que, à frente da OAB fluminense, no início da década de 90, pediu e tentou articular uma intervenção para derrubar o caudilho, em seu segundo mandato como governador do Estado do Rio.
O melhor deputado do PDT
O neto de Brizola foi de longe o melhor deputado do PDT nesses últimos 4 anos, distinguindo-se  de uma bancada medíocre e fisiológica, na qual só mereciam respeito dos trabalhistas, além dele,  o pernambucano Paulo Rubem, o gaúcho Vieira da Cunha e o fluminense Miro Teixeira, este muito mais por ser um parlamentar experiente,  extremamente preparado e respeitado.
Embora tenha chegado à Câmara um tanto verde – com a experiência de apenas dois anos como vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro – Brizola Neto foi se firmando na coerente defesa dos interesses nacionais, suscitando debates como nas denúncias sobre a utilização predatória dos nossos minérios, especialmente o nióbio
Fora do PDT, tive oportunidade de alertar a alguns eleitores brizolistas sobre o risco que sua candidatura corria, insistindo em que sua derrota seria uma perda gravíssima, não apenas pelo sobrenome, mas também por seu comportamento parlamentar coerente e sua atuação dentro do partido, onde implantou e comanda o diretório municipal do Rio de Janeiro.
Minado pelas máquinas municipais
Lembrei que ele ia sofrer o mesmo processo de solapamento que me retirou da Câmara do Rio de Janeiro. O PDT perdeu o recato filiando qualquer um, assumindo os riscos de uma legenda sem compromissos históricos e sem bandeiras políticas e sociais.
No meu caso, a minguada bancada municipal carioca foi tomada por evangélicos, que se espalham por partidos diferentes com objetivos indecentes. A mesma igreja do “missionário” RR Soares “alugou” uma vaga de federal no PR para Adilson Soares (irmão), colando na votação de Garotinho, e de estadual no PDT  para Marcos Soares (filho), colando na votação de Wagner Montes.
Na Câmara da capital, infiltrou Jorge Manáia no sapatinho, já nos acréscimos, aproveitando-se que ele era médico-militar e tem prazo menor. Além dele, outra evangélica, Nereide Pedregal, foi a maios votada, sobrando a terceira vaga, na rabeira, para outro neto de Brizola, Leonel, jovem vem muito bem intencionado.
Agora, o deputado federal foi minado pelas máquinas do interior, nada legítimas. Sandro Matos, prefeito de São João de Meriti, na Baixada,  filiado ao PR, lançou seu irmão Marcelo pelo PDT e este foi o mais votado dos três eleitos – com 80.062.  Curiosamente, Bruno Correia, filho do vice-prefeito Carlos Correia, antigo pedetista, teve apenas 13.032 votos para estadual, numa dobradinha que “furou”.
O anti-Brizola com mandato no PDT
Pior foi a eleição do advogado Sérgio Zveiter, sobrinho do presidente do Tribunal de Justiça, Luiz Zveiter, e integrante de uma família de grande tradição anti-brizolista. Até 2009, ele era presidente do DEM em Niterói.  De repente, o prefeito pedetista Jorge Roberto da Silveira, que deu muito trabalho ao caudilho, decidiu filiá-lo ao PDT e jogar todo o peso de sua máquina e do seu prestígio para fazer de Zveiter deputado federal pela legenda que sempre escorraçou.
O desafeto do caudilho foi o segundo colocado em sua legenda, com  65.826 votos, tendo Miro Teixeira como terceiro,  com 63.119. Brizola Neto ficou como primeiro suplente, somando 55.654.
Mas o quadro poderá piorar ainda mais. No pleito de 2006, quem encabeçou a legenda foi Arnaldo Viana, ex-prefeito de Campos, cuja votação agora está congelada, por conta do impasse com a lei da ficha limpa. Se ele for liberado e se tiver a mesma votação anterior – mais de 70 mil sufrágios – a Câmara Federal poderá perder também o concurso de Miro Teixeira.
Já não se pode falar em brizolismo
Zveiter foi o principal elemento no conflito entre Brizola e Garotinho.  Eleito governador pelo PDT, em função de seu trânsito no Judiciário fluminense, o ex-governador o nomeou secretário de Justiça.  O caudilho não engoliu e deu no que deu.
O perfil da bancada federal do partido criado por Brizola (já não se pode dizer brizolista) não é diferente da anterior. Felizmente, Paulo Rubem e Vieira da Cunha voltaram (foram os últimos colocados da legenda em seus estados). E daqui para frente?
Na eleição de 2006, Brizola Neto havia obtido em torno de 63 mil votos.  Dois anos antes, o Brasil perdera seu avô, uma das figuras mais admiráveis da nossa história.  Tendo tido uma atuação tão coerente, participando da bancada de apoio de Lula e exibindo na tv gravações afetuosas da Dilma Rousseff, por que essa queda?
A maldição de Sérgio Cabral
Pode ser que boa parte do eleitorado brizolista, que ainda existe em todo o país, especialmente no Estado do Rio, não o tenha perdoado por sua repentina condescendência e aliança com Sérgio Cabral.
Anti-brizolista desde que se entende por gente, o governador não fez por menos: mandou destruir a obra do Memorial Leonel Brizola, iniciada na gestão da governadora Rosinha, sob a alegação de que precisava do terreno para o metrô.  Não ofereceu nenhuma alternativa ao memorial concebido por Oscar Niemeyer e Brizola Neto, que havia esperneado na hora, recolheu-se a um silêncio obsequioso.  Já não se fala mais por  aqui num nessa obra, que era um preito de justiça à história.
Em sua campanha televisiva, Brizola Neto fez mais questão de associar-se à Dilma do que ao avô.  Exibiu muitas vezes o vídeo em que ela o recomendava. Garotinho, o mais votado do Rio de Janeiro, ao contrário, fazia questão de comparar a “perseguição que sofria” aos massacres de Getúlio e Leonel Brizola.
Para os brizolistas mais apaixonados, Dilma ainda é vista como aquela que trocou vinte anos de PDT, por onde foi alçada a alguns cargos públicos, pela Secretaria de Minas e Energia do petista Olívio Dutra, deixando de seguir o caudilho quando este rompeu com o governador gaucho, no que foi acompanhado de muitos trabalhistas históricos, inclusive o próprio filho José Vicente, que presidia a loteria do Estado e lá permaneceu, ocasionando uma crise familiar: os netos  ficaram do lado do avô.
Independente dessas concessões, a presença de Brizola Neto na Câmara Federal já  valia por sua própria atuação e pelo trabalho de comunicação social, através do seu blog.  Sem mandato, o que acontecerá agora com o neto de Leonel Brizola? Poderá ganhar um bom cargo compensatório no governo de Cabral ou, quem sabe, na administração federal.
Mas não foi isso que os fiéis brizolistas pediram a Deus.
O massacre de João Goulart Filho no PDT-DF
Estou reunindo informações sobre o massacre do filho do presidente João Goulart dentro do próprio PDT de Brasília.  Outra ignomínia que não podemos deixar passar  sem nosso grito de repulsa.

sábado, 2 de outubro de 2010

Sem novidade no “front”

Lula, o messias vitorioso numa sociedade alienada
O povo ainda continua preso à idéia de que
o pouco com Deus é muito
 
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
Rui Barbosa (1849-1923)
 

Ao nascer deste 3 de outubro, milhões de brasileiros se apinharão em antigas salas de aula para o exercício sumário de um avacalhado direito, pedra fundamental das repúblicas democráticas: darão seus votos àqueles que os seduziram no afã de assumirem os cargos de mando privativos das urnas.
Seria um momento de gala de uma sociedade livre e plural se todo o processo que precedeu o dia decisivo não tivesse sido conspurcado pelas práticas deletérias que transformam as campanhas eleitorais em deprimentes jogos de cartas marcadas, numa guerra suja onde o vale tudo não conhece contornos.
Seria um prazeroso enlevo, um momento de êxtase transcendental, uma afirmação pétrea da vontade das maiorias, se não fosse pela inescrupulosa inversão de papéis: não escolheremos dedicados servidores da Pátria, mas ambiciosos mandatários que só pretendem da Pátria se servirem.
A grosso modo, não há o que escolher, especialmente quanto ao mais alto cargo  dessa república que já nasceu gangrenada, filha de um golpe militar conservador impulsionado pela vaidade de um enfermo, o marechal Deodoro, que só fez a proclamação porque o  Visconde de Ouro Preto não se levantou quando ele e os militares positivistas que o acompanhavam invadiram a reunião ministerial no antigo Ministério da Guerra, a dois passos da casa do marechal, para pedir maior consideração  aos veteranos da guerra do Paraguai.  
Diferenças cosmésticas
São tênues, cosméticas e superficiais as diferenças entre os três candidatos da reta final. Dilma saiu do cérebro astucioso de Lula, que manteve os fundamentos da política econômica globalizada de FHC, o inspirador de José Serra. Não é uma petista na acepção da palavra, nem estivera envolvida antes em qualquer pugna eletiva.
Já Marina é o contra-peso que a astúcia palaciana engendrou para garantir a supremacia do continuísmo. Afinal, ela fez sua escola no PT, por quem foi apaixonada  desde que se entende por gente, e participou de corpo e alma dos dois governos de Lula. Pulou fora apenas por conflitos de poder e trocou de partido sem que sua antiga legenda tenha esboçado qualquer objeção com base na jurisprudência da fidelidade partidária.
Quem viu o último debate da Globo reconhecerá que não estou exagerando. Aliás, em todos os supostos confrontos televisivos não houve debate. Quem disser que formou sua opinião a partir dessas exibições mornas e retrancadas estará passando atestado de idiota. Ou tendo-nos como tal.
Se alguém imaginar um acordo prévio entre os candidatos não estará fantasiando. Foi como se tivesse prevalecido, por analogia, a máxima de Tancredo Neves, para quem só se devia fazer reunião depois de tudo decidido.
Quando a alienação fala mais alto
Os resultados dos pleitos majoritários são previsíveis por conta da pandemia de alienação ampla, geral e irrestrita que campeia, lépida e fagueira. À meia noite, a sorte estará definida e apenas em alguns lugares haverá segundo turno. Apesar das novidades recentes, ainda acho que dona Dilma vencerá de primeira.  Ela havia acumulado tanta gordura que a queima de alguma não será suficiente para outra rodada.
São resultados construídos ao longo de décadas de manipulação cultivada, em função da qual o povo é aprisionado pela inércia e tende a ser conservador e governista. Alternância há quando os governos perdem o controle da situação e se tornam demasiados anti-povistas. Se o mínimo fazem, continuam por cima da carne seca, eis que tendem a ter a aprovação de uma maioria para lá de “marrakech”.
Diz-se nos lares famélicos que o pouco com Deus é muito. E assim acertam na mosca os que percebem a qualidade e a dosagem precisas das migalhas a serem distribuídas para um povaréu inseguro, manipulável, sem confiança em suas pernas e vulnerável ao messianismo bem lapidado.  
O que virá agora só Deus sabe
Resta saber agora o que virá a seguir.  Sob o mundo fantasioso que aplaca, conforma e ludibria há um subterrâneo apodrecido que pode minar o trono. Basta que as vozes da lucidez alcancem os ouvidos moucos e o retrato sem retoque de uma realidade torpe se anteponha às miragens que a maquinação eletrônica industrializa.
Um país que destina 35% de todo o seu produto interno bruto ao pagamento de juros de uma dívida forjada, que está literalmente subjugado pela especulação financeira – um país assim é por si um vulcão apenas adormecido.
Um país governado por canalhas em todos os poderes e em todos os entes não vai tão longe como eles esperam. É verdade que não teremos novidades no front de uma guerra amortecida pelos truques da conveniência enganosa.  
Por isso, é igualmente aconselhável que os pruridos da arrogância sejam minimizados. Assim como teremos a vitória de superfície num embate de fancaria, em que tudo se reduzirá a disputas ostensivamente pessoais, assim também não fruiremos da renovação do ambiente, indicada nos processos de desenvolvimento inteligente das sociedades humanas.
A corrida às urnas não terá maiores significados e ainda poderá acarretar grandes decepções, principalmente na composição de um Congresso entre o folclórico e o lombrosiano.  A patrociná-la, antecipou-se o Poder Judiciário, cuja atuação incompetente e inacreditável ofereceu a este pleito as tintas e as notas de um verdadeiro samba do crioulo doido.

Pesquisa do Blog dá vitória a Serra
Às 16 horas e 30 minutos da tarde de sábado, a enquete do blog PORFÍRIO LIVRE, realizada nos últimos 4 dias, apresentou uma surpreendente vitória do José Serra, que obteve 225 (57%) das 391 indicações, seguido por Marina Silv, com 74 votos (19%), Dilma Rousseff, com 50 (12%) e  Plínio de Arruda Sampaio, com 28 (7%).  Nove leitores (2%) votarão em outros, enquanto 5 pessoas (1%) não votarão em ninguém. 
Este é apenas um espelho dos leitores do blog de Pedro Porfírio. Não reflete a realidade.  Sobre o resultado, cabe o comentário do engenheiro Mário Artur Costa e Silva, de São Paulo:
"Se a maioria dos seus leitores estiverem votando no Serra, depois na Marina e na Dilma, concluo que, pelo lado positivo, eles leem seus artigos, mas pelo lado negativo, eles ainda são parcialmente ignorantes-políticos, por não perceberem como funciona o "poder". 
Tanto o Serra, como a Marina e a Dilma, ignoram em suas falas, a dependência do Brasil à Ditadura Mídia-Financeira do G8, com comando anglo-americano e sede em Londres. Isto é, são entreguistas. Destes três, acho que a Dilma seria a menos entreguista, isto é, entrega mais lentamente.
O único que fala dos roubos de primeira grandeza é o Plínio, a saber:
- Dívida externa, que virou interna com juros maiores;
- Privatizações piratas;
- Contrabando de minérios, madeiras e plantas medicinais;
- Leilões da Petrobrás;
- Compra de terras e usinas de álcool e de biomassas por estrangeiros;
- Crimes de lesa-Pátria;
- Os "gringos" já possuem 70% do PIB do Brasil.
Espero que, com o tempo, com a leitura dos seus artigos e com estudos complementares, admitindo a evolução da espécie, a ignorância política deste pessoal diminua. Talvez em 4010".....